06 Administração/História da Paróquia e do Padroeiro


                     
CPP - Conselho Pastoral Paroquial 

A construção da "Casa de Deus" que nunca pára!
  

De todos os grupos e movimentos pastorais se elegem os representantes da liderança de cada pastoral para formar o CPP junto ao Pároco. O conselho elege o seu executivo e o vice-executivo e o seu secretário e o seu vice-secretário.


Seguem todos os nomes do conselho atual:
Executivo (a): Helena Moraes Souza
Vice-executivo (a): Joaquim Ferreira da Silva
Secretário (a):
Vice-secretário (a):

Legião de Maria:
Catequese:
Setor Juventude:
Acólitos:
Grupo litúrgico:
Sementinha de louvor:
Terço dos Homens:
Renovação Carismática: ..........  Funcionários: ........................................


Conselho Maior
Representantes das CEB´s e dos Bairros: ...............................................


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HISTÓRIA DA PARÓQUIA
Para esta parte do nosso blog precisamos da colaboração dos paroquianos em nos fornecer material histórico, mesmo que tenhamos o livro de tombo da paróquia a nossa disposição, mandem nos também fotos antigas para uma possível postagem no site.
Agradece: Frei Hermano
 As próxima postagem neste arquivo é tirada do livro:

"Franciscanos no Maranhão e Piauí 1952 a 2007"
Frei Eurico Löher, ofm


Agradecemos pela preciosa pesquisa histórica deste livro que dedica um espaço generoso a Paróquia mais antiga desta região da Diocese de Bacabal relatando a participação franciscana deste os anos de 50! Um obrigado especial ao autor do livro Frei Eurico por nos ter facilitado a postagem deste artigo! Valeu!


“Paróquia São Luis Gonzaga”, em Ipixuna


Em sua primeira visita pastoral, o Arcebispo Dom José Delgado anotou no Livro de Tombo aos 23.06.1953: O que de melhor deixamos, no coração do generoso povo ipixunense, foi a esperança de um padre próprio, dentro em breve. Deus nos ajudará a cumprir tão grata promessa. [1]

A Paróquia de São Luis Gonzaga era de longe a mais antiga paróquia do Médio Mearim, fundada em 29.08.1844. Em 1902, o pároco Padre José Gonçalves de Oliveira cometeu suicídio; antes perturbado tinha queimado todos os documentos. [2] A partir daí o pároco de Ipixuna morava em Pedreiras e aparecia poucas vezes na sede da Paróquia.

Frei Teodoro Scholand tinha acompanhado D. Delgado na visita pastoral e escreveu ao Ministro  Provincial Dietmar:  Faz dó olhar tanta miséria religiosa, onde há tanta boa vontade. E agora escuta minha lamentação: a última etapa era Ipixuna, também a beira do Mearim, cidade vizinha de Bacabal, distante umas 5 léguas (30 km), 4 horas de barco a motor ou 3 horas de cavalo. O lugar mesmo só tem uns 1.600 habitantes, a paróquia 35.000. Uma vez por ano o pároco de Pedreiras vem, porque tem que cuidar de 90.000 fiéis. O Arcebispo, o prefeito, a esposa do prefeito imploraram, para nós assumir Ipixuna e pelo menos atender a partir de Bacabal. O prefeito prometeu 1º meio de transporte 2º 50 contos 3º hospedagem para o padre. Respondi que isso não era possível sem um terceiro sacerdote em Bacabal e que não podíamos contar com ele daqui a um ano e meio, se não acontecer um milagre e Deus animasse um dos missionários da China para vir ao Brasil. Sua Excelência então pediu para eu o colocar a par dos fatos. Ia esperar até fim de julho; senão ia chamar os capuchinhos. Você nem imagina com que insistência os três imploraram. [3]
Na segunda parte da visita pastoral, em outubro de 1953, Frei Teodoro viu o oeste da paróquia e ficou encantado. Talvez fosse no fundo a preocupação de perder Bacabal que motivou e incentivou Frei Teodoro na visita pastoral com o Arcebispo em outubro de enxergar na região de Bacabal novas atrações especialmente na paisagem. Lago da Pedra já é bastante bonita, escreve Frei Teodoro aos 28 de outubro, mas então Lago do Junco! Simplesmente encantador, como a cidade está situada num vale, cercada de morros de 200 m cobertos de árvores. Diâmetro do vale cerca de 1,5 a 2 km. Muita água, bananas, laranjas, arroz, cana e criação de gado. Desvantagem: no inverno não se chega lá porque a estrada a Ipixuna (uns 50 a 60 km) não foi feita ainda. Lago dos Rodrigues parece que é o lugar mais populoso, 80% de origem do Ceará. Quando eles olharam minha batina, o Arcebispo podia tranquilamente ir para casa! Os outros lugares são menos bonitos e menos importantes. Ao todo passamos por 8 lugares e atendemos ao todo umas 7.500 confissões. Isto não parece muito; mas temos que considerar que em cada confissão praticamente está incluída uma catequese. [4]

Aos 22 de abril de 1954, o próprio Arcebispo deu posse ao pároco de Bacabal, Frei Adauto Schumacher, como pároco de Ipixuna. O relato sobre esta solenidade mostra um pouco as dificuldades daquela época.
Assim foi que no dia 22 de abril de 1954, pelas onze horas, antes de meio-dia, S. Excia. e o Rev.mo Mons. Ladislau  Papp, mais o recém-nomeado Vigário de Ipixuna, tomaram em Bacabal uma canoa-a-motor e, após umas seis horas de viagem, aportaram, à boca da noite, em Ipixuna, depois de castigados pelos raios abrasadores de um sol impiedoso. Recebida a comitiva pelo Vigário encarregado anterior e Pároco de Pedreiras. Rev.mo Cônego Gerson Nunes Freire, que organizou com zelo e boa ordem o cerimonial de tomada de posse, depois de rápida visita à casa do Sr.Prefeito Raimundo Nonato Veloso, dirigiu-se à Igreja Matriz, onde celebrou Missa vespertina o novo Vigário.
Ato contínuo, lida a Provisão, realizou-se a tomada de posse da Paróquia, falando na ocasião o Sr. Arcebispo D. José de Medeiros Delgado, e o novo Vigário; e lavrou-se a Ata de Posse, em quatro vias.(...)
Em seguida houve apetitosa ceia na casa do Sr. Prefeito, o qual também se prontificou a guardar a custódia de prata, ou seja, o ostensório de prata, e outros pertences da Matriz, para se fazer posteriormente o inventário prescrito. (...)
Terminada a ceia, depois de amistosa palestra com os comensais e convidados, e após se ter providenciado o funcionamento do holofote da canoa-a-motor, aí pelas oito horas da noite, voltou a comitiva, dos mesmos supra referidos eclesiásticos, a Bacabal, onde chegou passada já a meia-noite; era noite bastante fria, contrastando com o calor do dia, e, durante a navegação, viam-se, nas orlas do rio Mearim, faiscarem repetidas vezes os olhos em brasa, dos jacarés, ao reflexo do holofote.
Ficou assentado, em Ipixuna, que o Padre ali estaria para a Coroação de Maria, no fim de maio; e depois desta visita, teria a Paróquia, na medida do possível, missa em todas as primeiras sextas-feiras do mês, mais os sábados e domingos consecutivos. [5]

Assim Frei Américo Gördes iniciou aos 28.5.1954, suas visitas à parte leste da paróquia, na cidade e no município de Ipixuna, enquanto Frei Adauto atendia a parte oeste da paróquia, o município de Lago do Junco – além do município de Lago da Pedra.

Depois dos pedidos insistentes e das festividades da posse do vigário, o Prefeito mostrou um comportamento diferente a partir da primeira visita de desobriga.
As ditas desobrigas seguiram este percurso: dias 28 e 29 de maio, Abundância; 30 e 31 de maio e 1º de junho, Ipixuna; 2 e 3 de junho, Seco.
No primeiro dia de missa em Ipixuna, o Sr. Prefeito Raimundo Nonato Veloso, que costuma hospedar o Padre, estava de viagem, e Frei Américo foi hospedar-se numa pensão. No dia seguinte, estando o Prefeito de volta e não tendo procurado avistar-se com o Padre, este enviou o Sacristão José Sousa Monteiro falar-lhe do motivo de estar hospedado na pensão, mas o Sacristão não o cumpriu, ou por não ter entendido, ou por ter esquecido, ou por não querer. A Professora que auxilia na igreja, pagou as despesas da pensão pela Matriz.
Na vez seguinte, estando ela disposta a pagar a pensão, outra professora veio com este aviso: “O Sr. Prefeito manda dizer que nada paguem sem ordem dele”. Como era hora de partir, o Padre pagou as despesas, e não havendo pousada em casa particular, em Ipixuna, decidiu pernoitar doravante em S. Américo, distante uns 7 quilômetros, e de lá vir oficiar em Ipixuna. Além de Ipixuna, também em outros municípios maranhenses o Prefeito é o deus-pequeno da terra, mesmo quando já ex-Prefeito.
Passa por Bacabal o Sr. Alberto Aboud, procura informar-se na Casa Paroquial o que é que houve em Ipixuna, que ele tudo iria apaziguar, e também faria concordar o Sr. Prefeito com o dia marcado para a Festa do Padroeiro S. Luis Gonzaga, que seria a 12 de setembro, num domingo, e o Padre passaria cinco dias em Ipixuna, dias 3 a 5 e 11 a 12, seis dias portanto, e não apenas cinco como se disse. Mas um particular trouxe a informação vocal do Sr. Prefeito que a Festa não seria em tal data, ele a designaria e podia bem conseguir outro Padre para celebrar as festas – todos sabem, muito barulhentas e até escandalosas – mesmo recorrendo ao Sr. Arcebispo.
Relatando o Pe. Vigário ao Sr. Arcebispo o ocorrido, e como o Padre que desobriga em Ipixuna tem de elaborar novos programas de desobrigas e mandar ‘desavisar’ os avisos já remetidos às diversas localidades, com grande surpresa recebemos semanas após a seguinte Circular, publicada em “O Combate”  de 13.10.1954: Circular nº 16  Ao povo da Paróquia de Ipixuna. [6]

Esta Circular  foi lida em todas as paróquias da Arquidiocese, porque o Arcebispo destemido aproveitou a oportunidade para falar uma palavra clara sobre as práticas de diversos políticos dominadores.  Muito educado e com argumentos convincentes resumiu: Ora, amados filhos, a ninguém cabe mandar na esfera religiosa, senão aos legítimos representantes de Deus. Não basta ficar na compreensão da verdade. Ide além. Entendei o dever que tendes de cooperar com a Igreja e seus padres, no serviço das almas. [7]   Esta Circular foi lida e comentada em Ipixuna e adjacências e teve salutar efeito. Um habitante de Ipixuna, Sr. Lourival Raposo, chocado com esta situação deprimente de sua cidade, telegrafou ao Sr. Arcebispo, pondo sua casa à disposição do padre para hospedagem. Ali foi o Pe. Frei Américo bem recebido e hospedado, mas o Sr. Lourival explicou-lhe, o que é digno de referência: “Aqui tem tudo, Sr. Padre, o que necessitar, mas não me convide para tomar o cuidado das alfaias ou objetos da Igreja- de modo nenhum o aceito.” Com o tempo evidenciou-se que este comerciante industrial aproveitou-se da contingência para um gesto teatral para influenciar na política rasteira do meio; muito embora amável e solícito, nem ele, nem ninguém, amadureceu espiritual e religiosamente, em Ipixuna, para entender e poder c-o-o-p-e-r-a-r  com a Igreja e seus ministros. [8]

Um julgamento duro sobre os fiéis da cidade! Mas neste julgamento, Frei Adauto não estava sozinho. Todos os seus antecessores, inclusive o Arcebispo em suas visitas pastorais, externaram suas decepções em português claro. Antes de relatar a sua posse, Frei Adauto descreveu o ambiente religioso de sua futura paróquia.  Terminamos o esfalfante trabalho de recolher e trasladar tudo o que nos chegou ao alcance, sobre a história da desditosa Paróquia de Ipixuna, Paróquia – Mãe, não obstante, do fértil Vale do Mearim, onde os descendentes das gerações passadas se batizam no catolicismo, mas são informados espiritualmente pelo fetichismo das baias e terecôs e pelo fatalismo de crença em feitiços e enguiços, e não pelas práticas e liturgia da S. Igreja.
Levas de imigrantes provindos do Nordeste – Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Pernambuco – melhoram o ambiente, e, embora também ignorantes e na maioria analfabetos, todavia, introduzem em meio selvagem costumes cristãos mais sadios e práticas religiosas mais consentâneas ao catolicismo, tornando o ar mais respirável. [9]
A parte oeste da Paróquia, o município de Lago do Junco, tinha influência predominante de nordestinos; assim também muitos povoados do município de Ipixuna. Outros povoados e especialmente a sede da Paróquia era dominada pelos maranhenses e descendentes dos escravos negros.

Até 1958, continuou a divisão inicial: Frei Américo atendia a parte leste da Paróquia e Frei Adauto a parte oeste. A partir de 1958, até o início de 1968, Frei Adauto atendia a Paróquia toda. Continuava morando em Bacabal, mas passava mensalmente mais de três semanas na Paróquia. Em 1957, a cidade de Ipixuna teve 16 dias de missa; Frei Américo efetuou, neste ano, 90 dias de desobriga no interior da Paróquia, zona leste; e Frei Adauto, 41 dias, na zona do oeste, ao terminar as viagens de desobriga em todo o município de Lago da Pedra. [10]
Em 1959, a cidade de Ipixuna teve 44 missas; ao todo foram 245 dias de desobrigas (dos quais 201 dias em 71 povoados do Interior), assim distribuídos pelos meses (segue a relação dos números e meses; termina com a observação:) quiçá, em todo o Maranhão apenas o Vigário de Ipixuna pode dar-se a este luxo – na sede há pouco trabalho, e o Interior forma o arcabouço da Paróquia. [11]

É notável como os assuntos principais da evangelização mudaram no correr dos anos. No Livro de Tombo lê-se em 1957, como resumo da atuação de Frei Américo na Paróquia:
Passadas as chuvas, a 26 de maio de 1957, iniciou Frei Américo as desobrigas, julgando mais conveniente esforçar-se menos pela organização exterior das capelas, e dedicar-se mais à instrução religiosa dos fiéis, doutrinando precipuamente sobre 1º as verdades fundamentais da fé; 2º os deveres dos pais para com os filhos; 3º o dever da santificação do domingo; 4º. obrigação da comunhão  pascal e da confissão anual. [12]
5 anos mais tarde, em 1962, Frei Adauto resume os assuntos principais de seu trabalho evangelizador:
Nas pregações sempre voltam à baila os temas capitais aqui para nós:
1º a renovação catequética, catecismo e catequista em cada capela, cursos e formação e paga das catequistas, a santificação do domingo etc.
2º a renovação eclesial, convivência e colaboração com a Igreja no setor mais angustiante, a saber, as Vocações Sacerdotais devido a gritante penúria de sacerdotes ante um povo sempre mais volumoso e sempre mais desamparado, para o que, por ordem do Arcebispado, todos são concitados a ingressar na Associação de S. José e assim colaborar efetivamente na Obra Pontifícia das Vocações Sacerdotais, de novo também pela oração e santificação do domingo, etc. 
3º a renovação agrária “quem casa quer casa, para ter boa casa adquirir terra própria, para conservar sua terra produtiva, aprender como deve ser zelada, a saber, pela lavoura paciente e não pela queima devastadora das matas.” Entra pelos olhos que esta instrução agrária é parte integrante da catequese que ensina o cristão a servir a Deus por suas atividades reguladas segundo a moral e o bom senso para vingar, e não fracassar constantemente para descrédito de nossa santa religião e arrefecimento da fé. Assim em boa hora, por esta época, o Arcebispado introduziu em todas as paróquias a devoção ao Santo Isidro, Padroeiro do Bom Lavrador.
Em todas as capelas de Ipixuna o povo aprendeu o seguinte canto na música de Johann Sebastian Bach (e letra de Frei Adauto – este fato o cronista não mencionou):
            “A redenção nossa está na lavoura,
            Pois é a terra a grande dádiva de Deus.
            Arruína-la a fará vingadora
            Do criminoso ingrato a provocar os Céus.
            É Santo Isidro quem dá o rumo certo:
            Pá e enxada, bois e arado – vamos já ver
            Sem aperreio, virar o chão um céu aberto,
            Se buscarmos nossa terra legalmente obter.
            A redenção nossa está na lavoura:
            Todo queima-mato deve desaparecer.”  [13]

A Renovação Catequética viveu seu ápice em 1965, quando Frei Humberto com seu famoso carro-capela “Bom Pastor” coordenou semanas catequéticas, em Ipixuna, Lago do Junco, Lago dos Rodrigues e Três Setubas e reorganizou a catequese nestes lugares centrais. Foram nomeadas catequistas que coordenavam o catecismo infantil e recebiam uma remuneração. [14]
Um colaborador em tempo integral visitava e orientava as comunidades no Interior, continuava a partir de 1966 o trabalho de Frei Humberto. Era o lavrador Francisco de Assis Araújo que preparado para esta missão mostrou muita habilidade; o nome oficial de seu cargo era “Procurador Paroquial”. [15]
A Renovação Eclesial acima mencionada apareceu em todos os relatórios anuais: em quase todos os povoados foi fundada a Associação de São José. No seu relatório final em 1967, no entanto, Frei Adauto confessou: Quanto a O.V.S. (Obra das Vocações Sacerdotais), a Associação de S. José esmoreceu e morreu; esta obra deverá ser atualizada e modernizada. [16]

A Renovação Agrária só uma vez foi mencionada indiretamente por Frei Adauto no Livro de Tombo para justificar a diminuição das comunhões durante as Missões de 1963:
E a conclusão a que se chega é a seguinte: foi a partir de 1960 que começa a aumentar a emigração dos ipixunenses para as matas de Lago da Pedra, Vitorino Freire, e principalmente Pindaré – para lá se dirigem, pressurosos, para desbastar e incendiar as matas virgens, porque o Norte brasileiro nem governo tem, nem material humano apto para o paciente trabalho do amanho da terra. [17]
Este relato reforça a urgência e a atualidade da pregação sobre a renovação agrária. Os conflitos de terra e a reforma agrária terão um papel destacado nas próximas décadas.

Com a franqueza que lhe era própria, Frei Adauto descreveu com uma mistura de gozação e seriedade o que aconteceu de vez em quando também com estes padres do mato nas semanas de desobriga: doença e mal-estar. No início deste ano 1967, fui seriamente vitimado por uma malária maligníssima – durante as desobrigas o Sacristão me tratava sempre que a febre me prostrava. Mesmo com o aspecto cadavérico, efetuei as desobrigas = era o jeito. Fiz uma promessa à “alma forte” de John Fitzgerald Kennedy, e fui atendido, e a Editora Vozes recolheu os Cr$ 20,00 enviados, mas não publicou a graça alcançada; também não reclamei, pois poderia ter feito a promessa a João XXIII. Submeti-me a um tratamento rígido com o nosso abençoado limãozinho, também nunca mais a febre voltou. Mas no mês de outubro fui tratar-me em Teresina de um pertinaz desarranjo intestinal, razão de serem interrompidas as desobrigas neste mês. [18]

Frei Adauto estava esgotado em suas forças físicas e renunciou ao cargo.
De saúde ainda um tanto combalida, sob a santa obediência é que me recolho à novel residência de Vitorino Freire, [19] quase semi-pensionado à procura da graça de uma boa morte, às ordens de Frei Celso Schollmeyer com quem me apraz conviver – ele e eu fundamos Bacabal – e com muita satisfação, congratulando-me com o povo ipixunense, entrego a paróquia nas mãos de tão prudente quão competente pastor de almas que é meu digno sucessor Revmo. Pe. Frei Ivo Heitkämper O.F.M. “Ave, Caesar, moriturus te salutat.” [20]

Relatando o fracasso da Associação São José, complementou: Assim minha transição pela paróquia de Ipixuna teve seus fracassos, como foi também o caso de Bacabal – mas sou de muita sorte, pois meus sucessores em dois tempos aprumam (zurechtbiegen) o que entortou. [21]

Desde 1953, Frei Adauto tinha realizado como padre do mato seu serviço sacerdotal e missionário nesta vasta região de Bacabal, de modo especial na Paróquia de Ipixuna, com a garra de pioneiro, trabalhador dedicado, com espírito crítico e inovador, sempre disposto para brincadeiras e provocações. Com grande zelo cuidava da escrituração dos livros paroquiais e das estatísticas. Os Livros de Tombo das Paróquias de Santa Teresinha e de São Luis Gonzaga, escritas com sua caligrafia marcante e elegante, são obras primas literárias em estilo e precisão: dá gosto de ler e reler.

Do ano de 1968, pude colher ainda os seguintes dados: Frei Ivo tomou posse em Ipixuna – uma paróquia da qual se mangava muito – e ficou morando e trabalhando em Lago da Pedra e deu alguma assistência em Lago do Junco e Lago dos Rodrigues. [22]
No fim de 1968, Frei Ivo voltou para a Alemanha por motivos pessoais.

Aos 28.02.1969, D. Pascásio nomeou Frei José Schlütter pároco da Paróquia São Luis Gonzaga de Ipixuna.
O povo já sabia do novo vigário. Uma posse oficial não houve por causa do inverno.
No dia 15 de março, celebrei a primeira missa em Lago dos Rodrigues e no dia 16 de março, em Lago do Junco. Em Lago dos Rodrigues, encontrei uma Igreja de tijolos onde não cabia o povo. Lago do Junco não tinha igreja e a missa era celebrada no pátio da escola. (...)
No início de julho, visitei Frei Adauto, em Vitorino Freire, para colher informações sobre a Paróquia. E no dia 05.07.1969, viajei pela primeira vez à sede da Paróquia, para Ipixuna. Encontrei as chaves da Igreja na Prefeitura.
Continuei o jeito da desobriga como Frei Adauto o fez: à noite pregação, mais na forma de diálogo; às 6.00 do outro dia, confissões, a Santa Missa explicada com casamentos e em seguida Batizados. À tarde muitas vezes ainda uma reunião com os pais e outra com os jovens. [23]
Frei José não criticará no Livro de Tombo a população de Ipixuna como seus antecessores. Mas é característico que a chave da igreja foi guardada na prefeitura: não tinha responsável.
Frei José conseguiu acabar por completo com a ingerência dos políticos locais na esfera da igreja, no tempo de seu antecessor já bastante limitada.

Sobre o ambiente social na Paróquia, Frei Lucas Brägelmann escreveu em 1972: Desde a Páscoa de 1969, Frei José é pároco da Paróquia de Ipixuna que abrange os dois municípios de Ipixuna e Lago do Junco com Lago dos Rodrigues, tem uns 50.000 habitantes em 1.600 km². Dentro da Paróquia não há estrada asfaltada, só estradas de barro, no tempo do inverno viagem só com animais. Não há médico nem hospital. Em muitos lugares do Interior não há escola, em outros, ensino precário administrado por professoras leigas; não há ginásio nem escola de segundo grau. Em vários povoados não há quase nenhum adulto ou jovem alfabetizado. [24]
Depois da experiência das primeiras desobrigas nesta extensa paróquia que descreveu no Livro de Tombo com detalhes, Frei José formulou suas propostas pastorais:
Estando convicto que a pastoral da “desobriga” tem como objetivo “levar os homens a uma adesão consciente à Igreja, em termos de co-responsabilidade na promoção integral do homem”, procurei observar a vida do povo, ver as possibilidades, deixei o povo descobrir os seus líderes, que não sempre aceitei por motivos políticos etc. Com carinho, paciência, mas também decidido – baseado naquilo que Frei Adauto já falava – comecei a educar, a animar o povo para as Comunidades explicando o cântico da “Banda”.  [25]

Depois de sua primeira visita, Frei José colocou umas condições básicas para futuras visitas:
Condicionei a minha volta aos povoados às seguintes condições:
- que o povo com minha ajuda escolhesse um ou dois homens para dirigir a oração aos Domingos; a Paróquia ia oferecer cursos no Seminário em Bacabal. Onde não tinha gente para ler, pedi que se rezasse o terço.
- que os cristãos participassem da oração dominical e se inscrevessem no livro da Igreja.
- que futuramente participassem da preparação para os sacramentos.
- que no dia da missa não houvesse mais venda de cachaça e comércio.
- a presença dos Pais e Padrinhos na hora do Batismo.
- que os cristãos procurassem viver uma vida honesta e pagassem o Tributo Sagrado, um quilo de coco de babaçu para a Igreja.
- escolher uma ou duas catequistas para o catecismo e mandar as crianças para o catecismo.
Claro que tudo isso foi introduzido aos poucos; também chamei a atenção da responsabilidade dos cristãos pelos doentes, pobres, pela escola, pela saúde.
Muitos povoados iniciaram já no primeiro ano bem este “ser Igreja”. Outros ficaram desconfiados. (...)
Nas “desobrigas” de novembro e dezembro, visitei mais uma vez os povoados que mostraram mais interesse. [26]

Em 1969, houve visitas em 38 lugares – em 1966, visitas em 62. Em 1970, só houve 32 lugares visitados, por causa das novas condições. A partir de 1971, houve um aumento contínuo de comunidades. E - apesar da incipiente saída do Interior - em 1979, havia 74 comunidades e 8 estavam em preparação. [27]

Nos últimos meses de 1969, 27 homens e 18 mulheres participaram de cursos no Seminário Catequético Frei Jordão em Bacabal. Em 1970, 58 homens e 22 mulheres participaram. No fim do ano de 1970, aconteceram em Ipixuna e Lago dos Rodrigues encontros com os dirigentes e catequistas. [28]  Estes encontros se tornaram tradição e nos anos seguintes aumentou o número destas lideranças. Mais de 200 participaram anualmente dos cursos no Seminário Catequético em Bacabal, e muitos iniciantes nos cursos na Paróquia.

Em nível diocesano foram elaboradas normas para a recepção dos sacramentos do batismo e do casamento: encontros de preparação para pais, padrinhos e noivos se tornaram obrigatórios, a participação no culto dominical foi uma das aspirações principais. As Paróquias de Ipixuna e Lago da Pedra, no esforço de criar verdadeiras comunidades cristãs, agiram com mais rigor ainda. Em suas cartas mensais às comunidades, nos encontros de formação de lideranças, em todas as visitas Frei José explicava o sentido destas normas.
Em maio de 1971, no início do tempo sem chuvas, tempo principal para as visitas, Frei José em sua carta mensal, depois de uma meditação inicial e notícias sobre cursos e encontros escreveu:
Para que nós vivamos a vida de Cristo – que é o Caminho, a Verdade e a Vida -, dentro da Igreja fundada por Ele, quero lembrar o seguinte:
1. Que todas as pessoas que querem pertencer à Igreja Santa, à Igreja católica, devem dar pessoalmente o nome ao pregador ou catequista que dirige a oração aos Domingos, para que o nome de cada um fique inscrito no livro de Vida da sua Igreja local.
2. Participar da Oração aos Domingos e nos Dias Santos – doença, ausência, chuva forte e caminhos ruins no inverno são desculpas justificadas.
3. Procurar sinceramente viver em paz, em união e em honestidade para com todos.
4. Colaborar mensalmente com o Tributo Sagrado, dar em sinal de Gratidão à Igreja um pouco dos Bens que recebemos de Deus, para que a Paróquia possa servir melhor a todos.
5. ajudar ao pregador ou catequistas para que eles sintam coragem e força para serem dignos mensageiros de Deus.
6. Para os sacramentos do Batismo e do Casamento estão em vigor todas as exigências, que nós já conhecemos: dar um mês antes os nomes dos noivos que pretendem casar e dar também um mês antes os nomes das crianças para serem batizadas. Os noivos e os pais que têm crianças para batizar, devem participar de aulas, para que todos recebam com mais fé este conforto dos sacramentos que Cristo nos deixou por sua MORTE  e RESSURREIÇÃO e que são necessários, para que nós ressuscitemos com Cristo para a vida eterna.
7. Desde o ano de 1969, quando fui nomeado Vigário, Pastor, Responsável diante de Deus por vocês, expliquei estas exigências. Nesta minha visita somente poderei atender Batizados e Casamentos daqueles cristãos, que ao menos durante 5 meses já estejam inscritos no livro da Comunidade, no livro da Igreja local.
Sinto Saudades de vocês. Deus Pai nos ajude com a sua graça, para sermos cada dia mais Santos por Cristo, nosso Caminho e nossa Vida.
Visitarei os seguintes povoados no mês de junho de 1971: (segue uma lista de 27 nomes).  [29]

Eram exigências duras para os fiéis. Especialmente a exigência da participação regular no Culto Dominical era o ponto neurálgico, especialmente para os homens. Houve desgosto, discussão, revolta, de modo especial por ocasião da administração dos sacramentos. Vários saíram e organizaram o batismo das crianças em paróquias vizinhas ou chamaram o padre da “Igreja Brasileira”. Mas através de explicações pacientes e a força de sua personalidade e seu engajamento pessoal conseguiu ganhar a grande maioria em muitas comunidades para este modelo de vida eclesial. Respeitado pelos críticos e políticos locais por causa de sua transparência, seu volume de trabalho e suas palavras convincentes, era venerado por suas comunidades, especialmente pelos dirigentes por causa de sua força de trabalho incansável e seu esforço paternal para o bem do homem todo.

De maneira indireta o Livro de Tombo testemunha isto. As cartas mensais com as visitas marcadas durante o ano só apontam poucos dias sem visitas. A respeito destes dias sem data marcada para a administração dos sacramentos Frei José observou: Devo fazer ainda uma observação: visito muitas vezes comunidades e celebro a Santa Missa, ajudo num serviço de construção sem que estas missas estejam ligadas aos Sacramentos de Casamentos e Batizados e sem que estas visitas constem nas cartas. [30]
Em 1971, Frei José mencionou por ocasião da construção de um muro de arrimo em redor do terreno de Lago dos Rodrigues: Em Lago dos Rodrigues iniciamos junto com a comunidade um trabalho para segurar o terreno da Igreja. Esta construção de um paredão imenso teve muita ajuda dos homens de Lago dos Rodrigues. Trabalhei também vários dias com eles. [31]
Suas forças físicas impressionaram e eram mais comentadas do que sua dedicação e visão.

O cronista escreveu sobre construções de capelas em quase todos os relatórios anuais. Frei José tinha estabelecido uns critérios para estas construções. Nos povoados onde se construía uma capela de taipa ou de tijolos – depois quase sempre servindo de escola – fiquei alguns dias junto com o povo trabalhando. As novas construções são maiores, com sacristia e ficam num lugar mais calmo, para que possa haver uma oração digna. [32]

As construções nos lugares maiores merecem um enfoque especial.
No mês de setembro de 1969, começamos a pedido do povo juncoense com a construção da Igreja no terreno, onde tinha antigamente a capelinha. Insisti que o povo assumisse a responsabilidade, eu ia ajudar. De fato, o povo está se esforçando muito. [33] Em 1971, a igreja de Lago do Junco foi inaugurada. Nos anos 1996-97, esta igreja foi reformada e ampliada sob a coordenação do então pároco de Lago da Pedra, Frei Antônio Leandro da Silva.

No dia 06.10.1973, adquirimos a “Casa grande” do 1º prefeito de Lago do Junco. O povo insistiu, e cooperou dentro de poucas semanas bem. A casa junto com o quintal foi adquirida por 36.000 Cr$. - Vendo o valor da casa, foi muito favorável. Se pensa que esta casa vai servir para o futuro Colégio Paulo VI – 2º grau – e a outra parte da casa para cursos catequéticos, encontros de jovens, para Clube de Mães e outros encontros para o bem da coletividade, da Paróquia. [34] De 1974 a 1981, a parte do Colégio estava alugada pela prefeitura. De 1982 a 1984, foi casa do Noviciado da Custódia. [35]

Depois de ter verificado com D. Pascásio, a Paróquia adquiriu em 1973, em Lago dos Rodrigues, à beira da estrada nova a ser asfaltada um terreno de 21.716 m², prevendo a construção de uma futura Igreja “Santuário de São Francisco” e a possível oferta de lotes às famílias. O povo ajudou na compra deste terreno. [36]  (1975) Em Lago dos Rodrigues, equipes de homens começaram a fazer 80 milheiros de tijolos com a ajuda de comunidades vizinhas para a futura construção da Igreja. No dia 4 de outubro de 1976, foi celebrada a 1ª Santa Missa no terreno da futura Igreja em honra de São Francisco com grande participação do povo. [37]
A partir de 1977, a igreja junto com o Centro Social foi construída; em 1978, o prédio estava levantado. A última prestação de contas se encontra no Livro de Tombo sob a data de 31.01.1980. Mais do que 50% dos gastos enormes foram pagos pelas coletas, festas e ofertas da própria paróquia. Benfeitores da Alemanha colaboraram com o restante. [38]

Em janeiro de 1975, fechamos a capela rachada de São Luis Gonzaga. Alugamos no dia 16 de janeiro, da “Indústria – Comércio Tupy Ltda”, uma fábrica em que os franceses nos anos 30/40 beneficiaram algodão. A “capela” matriz não era mais segura, sempre perto da praça barulhenta e hoje nem ia mais caber o povo. O povo tomou consciência de se esforçar para construir uma nova Igreja – com Centro Social anexo. São especialmente as mães que se esforçaram. Já foi providenciado um terreno de 100 x 150 m para a futura construção. Em São Luis Gonzaga não vai ser tão fácil. [39] Mais ou menos no mesmo tempo da construção em Lago dos Rodrigues, com a mesma planta, também em São Luis Gonzaga começou a partir de 1977, a construção da Igreja e do Centro Social. Na prestação de contas aos 31.01.1980, ficou documentado que a comunidade da sede tinha colaborado com 35% nas despesas gerais. [40]
Nos projetos grandes de Igreja e Centro Social, em Lago dos Rodrigues e São Luis Gonzaga, Frei José pretendia expressar a tríplice missão da Igreja: Liturgia, Anúncio e Serviço. A planta baixa era o TAU franciscano: no meio a Igreja e nas duas alas laterais salas para catequese, jardim de infância, encontros, tudo embaixo do mesmo teto. Infelizmente nesta concepção teológica não se consideraram bastante os fatores do clima e do desenvolvimento futuro. Mais tarde, de 1987 a 1992, Frei Adolfo Temme reconstruiu completamente o complexo de Lago dos Rodrigues.  [41]  Em São Luis Gonzaga, Frei Cláudio Krämer só em 2004, criou coragem de remodelar o complexo.

Os problemas de terra estão aumentando. [42]Triste a situação dos lavradores. A terra está se concentrando cada vez mais na mão de poucos. O gado e o capim estão aumentando numa maneira angustiante. [43]  Esta observação no Livro de Tombo, em 1971, tinha como pano de fundo o problema de terra de Barraquinha, onde um proprietário ocupou com mandado judicial uma gleba onde há décadas mais de 180 famílias viviam e trabalhavam. [44]
Dois outros grandes conflitos aconteceram no mandato de Frei José: Três Poços (1972-1975) com o assassinato do lavrador Vicente Pereira Lima em agosto de 1975, e a compra de terra por Frei José e D. Pascásio em setembro do mesmo ano. [45]
Em Monte Alegre, 93 casas foram queimadas pela CAMENA com a ajuda da PM de Livramento nos dias 12 e 13.11.1979. Até quando estes atos criminosos permanecem impunes? A paróquia ajudou em levantar barracões e cuidou de mantimentos, remédios e sementes necessárias para plantações. [46] Uns 400 homens de toda a Paróquia em sinal de solidariedade levantaram em poucos dias estes barracões. A questão jurídica foi decidida depois em favor dos lavradores moradores.

Em 1973, houve em todas as comunidades uma discussão aberta sobre os problemas de terra, um passo concreto rumo a uma conscientização contínua.
Em 1976, o governo do Estado do Maranhão determinou a “Ação Discriminatória da Terra”, para criar uma base jurídica para a reivindicação de propriedade. Só quem participava desta ação, estava habilitado a defender futuramente seus direitos de propriedade de terra. Esta ação estava direcionada aos fazendeiros, latifundiários e grileiros de terras. Mas Frei José soube desta providência e encontrou no advogado Dr. João Batista Sandes Macedo um colaborador competente. Dr. Sandes orientou os lavradores de declarar o direito de propriedade e de posse e documentar assim sua reivindicação sobre a propriedade de terra. Em 1977, milhares de lavradores fizeram sua declaração com a ajuda de voluntários – mais tarde também em Lago da Pedra. 
(1978) Na Paróquia se respondeu em 51 comunidades a pesquisa sobre o lavrador e o sindicato em preparação ao Congresso dos dirigentes das Comunidades Eclesiais.
Em 1979, em todas as comunidades um documento foi explicado, discutido e estudado no qual Dr. Sandes em termos jurídicos exatos, mas numa linguagem popular tratava os conceitos de propriedade, posse e ocupação de terra. [47]
Na década de 1970, aos sindicatos rurais foram atribuídos serviços assistenciais da parte do Governo. Engajamento pelos direitos de propriedade de terra para os lavradores era tabu. Muitos sindicatos, descentralizados em nível municipal, foram manipulados pelos políticos. No cuidado pelo bem-estar dos lavradores a Paróquia tentou ajudar para um melhor desempenho dos sindicatos rurais. No dia 16.07.1971, foi fundado o Sindicato  em Lago dos Rodrigues. O primeiro Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais é um dos melhores dirigentes – José Ribeiro Nascimento. [48]
Sobre o desempenho dos sindicatos rurais na Paróquia, em 1973, houve a seguinte constatação:
Ao Sindicato de Lago dos Rodrigues ajudamos financeiramente e pela orientação sem que fosse tão público. O Sindicato de São Luis Gonzaga é uma “tapeação” completa. Não houve possibilidades de ajudar e parece que os lavradores ainda não têm bastante consciência de verificar a contabilidade e depois de ter verificado fraude, despachar o atual presidente. Mesmo sendo o Sindicato mais assistencialismo, muita gente fica prejudicada. [49]
Em 1979, a situação melhorou também em São Luis Gonzaga. No dia 28.07.1979, Ivaldo da Silva Ribeiro, um dirigente, tomou posse no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Luis Gonzaga do Maranhão. O presidente do STR de Lago dos Rodrigues, Francisco Sales de Oliveira, foi eleito presidente da FETAEMA em São Luis. Disse para ele, ao ser eleito, que lutasse pelo bem dos lavradores e nunca se deixasse iludir ou manipular. [50]
Como se pode verificar nos relatos acima, o engajamento de Frei José pelos assuntos da população rural era significativo. Ainda não eram os anos da confrontação direta, mas através do trabalho paciente do esclarecimento, através de treinamentos e acompanhamento cresceu mais auto-confiança e auto-estima dentro da população rural.
A auto-estima cresceu também na sede da Paróquia. Aos 25.10.1971, o município de Ipixuna mudou de nome para “São Luis Gonzaga do Maranhão”. O pároco e as CEB’s vivas contribuíram muito para a auto-estima crescente de São Luis Gonzaga do Maranhão.
Na sua primeira visita pastoral, D. Pascásio escreveu no fim de setembro de 1971:
Depois de visitar 32 Comunidades da Paróquia de Ipixuna, onde pude verificar e sentir o valor inestimável do funcionamento maravilhoso de tantas Comunidades já existentes e outras se formando, renovo o meu constante pedido, que todos se sintam responsáveis como cristãos e batizados pelos seus irmãos dentro das Comunidades. Que todos colaborem com o zeloso Pe. Vigário Frei José e os Catequistas na preparação para os santos Sacramentos do Batismo, Casamento e Crisma. Pude admirar e verificar a vossa boa vontade e espírito de sacrifício para criar um espírito sempre mais comunitário. E isto me enche de uma grande esperança, a saber, que a Paróquia de Ipixuna vai realmente para frente com o auxilio de Deus e sua colaboração. Que Nosso Senhor recompense copiosamente o caríssimo Pe. Vigário Frei José, pelo seu zelo e dedicação em benefício das suas Comunidades.  [51]
Estas palavras do bispo diocesano apreciam o trabalho pastoral de 11 anos de Frei José Schlütter em sua Paróquia de Ipixuna que virou São Luis Gonzaga do Maranhão. Aos 06.03.1980, Frei José viajou para seu novo campo de trabalho na Paróquia de Nossa Senhora da Glória e São Judas Tadeu.


A nomeação do novo pároco Frei Antônio Schauerte data de 01.03.1980. De fato, a entrega da paróquia se realiza aos poucos, nas visitas às comunidades principais durante o mês de fevereiro em que o”antigo” vigário Frei José Schlütter ofm estabelece o primeiro contato entre os paroquianos, principalmente os dirigentes e as catequistas, e o “novo” vigário. Assim uma tomada de posse, no sentido próprio da palavra, não se realiza. [52]

Conforme o Convênio entre a Diocese de Bacabal e a Custódia de 18.07.1979, o município de Lago do Junco ficou com a Paróquia São José de Lago da Pedra. Por isso oficialmente Frei Antônio era pároco da Paróquia e do município de São Luis Gonzaga do Maranhão e vigário-cooperador da Paróquia de Lago da Pedra no município de Lago do Junco. Por sinal, Frei Antônio foi o último que atendia os dois municípios. [53]
O trabalho principal do pároco durante o ano foram as visitas nas comunidades. O número de comunidades (55 no município São Luis Gonzaga e 27 no município de Lago do Junco, num total de 82 comunidades) com um total de uns 45.000 habitantes ficou o mesmo como no ano anterior. [54] No Livro de Tombo fica patente que Frei Antônio, mais ainda do que Frei José, se apoiava na colaboração das comunidades e das lideranças no planejamento e na avaliação do trabalho pastoral. Os relatórios sobre as assembléias anuais das lideranças das comunidades transmitem um quadro realista das alegrias e sofrimentos na vida das CEB’s. [55]
No início da década de 1970, a Paróquia dispensou as taxas na administração dos sacramentos, quando o Tributo Sagrado foi introduzido. As receitas da Paróquia eram: tributo sagrado, coletas, festejos e ofertas. Completavam as receitas doações volumosas de benfeitores da Alemanha. O relatório financeiro de 1981 aponta 56% de receitas de benfeitores da Alemanha e 44% da própria Paróquia, a maior parte pelo Tributo Sagrado (27%). – As despesas maiores eram do setor social: 62%: 33% para Jardins de Infância e 29% de ajudas a doentes, pobres e lavradores (sindicatos e assistência jurídica). Das outras despesas: 4% para cursos de formação de dirigentes e catequistas; 8% manutenção do jeepe Toyota, 2% côngrua do pároco. – Até a manutenção do pároco pelas receitas da Paróquia há de se percorrer ainda um caminho longo.
No fim da prestação de contas anual, Frei Antônio fez umas considerações pertinentes:
Aquilo que a Paróquia tem que pagar, aumentou 100% e mais; aquilo que a Paróquia recebe, aumentou só 45%. Acredito que dá para todo o mundo entender que aqui alguma coisa não  está certa. É quase como o arroz que vocês vendem. Ele aumenta de preço de ano em ano só um pouco; mas o arroz que vocês têm que comprar, aumenta muito mais. E isso não está certo, ou vocês acham que sim? (...)
Diante desta situação faço um apelo insistente para todos os comunitários nas comunidades de nossa Paróquia: Olhem aí: O Tributo   ....  Tributo  ....   Tributo   ....   Tributo   ....
(...) O Tributo Sagrado vai ficar assim também para o futuro uma preocupação constante na nossa caminhada.  [56]
Em março de 1980, a Diocese de Bacabal mandou um questionário a respeito da Administração dos sacramentos, da Evangelização, do Tributo Sagrado e da Pastoral da Terra para todas as CEB’s. A partir da síntese das respostas o cronista fez o seguinte comentário:
Este levantamento mostra que não só no campo pastoral cresce a colaboração da base. Deixa-se sentir uma sensibilidade e uma conscientização crescente na luta em geral por uma vida melhor, especialmente pela base do sustento de vida da grande maioria – pela terra. Os conflitos de terra aumentam e se acentuam. Para amparar a situação de muitos lavradores ameaçados de expulsão de suas terras, contratamos – na base da Diocese e da Custódia – o advogado Dr. Sandes de São Luis que se coloca à disposição dos lavradores com uma assistência regular na pessoa da Dra. Conceição. [57]
O conflito de terra do povoado São José do Ricardo, no município de Paulo Ramos, era o primeiro exemplo da nova estratégia da Diocese de Bacabal na ajuda a lavradores em sua luta por terra. [58]
Foi celebrada a “Missa de Desagravo”, em Paulo Ramos, no dia 16 de março de 1980, que terminou com a excomunhão dos três principais responsáveis pelas injustiças cometidas contra os lavradores. Um grande número de irmãos das CEB’s da nossa região participou desta missa, apesar de ameaças da parte de fazendeiros - grileiros. Dom Pascásio agradeceu numa carta às comunidades por esse sinal de solidariedade. [59]
Em 1981, foi formada a “Equipe Missionária da Diocese de Bacabal” que administrou em várias comunidades um curso de 2 dias sobre o assunto “Saúde para todos”. A Assistência Jurídica – AJULAV tratava dos casos concretos de problemas de terra. Ao lado desse trabalho se acentua mais e mais o trabalho de conscientização. Frei Godofredo de Lago da Pedra foi liberado para esse trabalho. Com uma pequena equipe realiza agora encontros locais e municipais de lavradores. Aconteceram os grandes encontros em Lago dos Rodrigues (julho de 1981) e Potó Velho (agosto de 1981).  [60]
Sindicalismo, política, eleições e candidatos políticos se tornaram assuntos discutidos com paixão. O engajamento das CEB’s tornou-se mais consciente, mais agressivo. Este leque amplo de assuntos quentes apareceu na década de 1980 sempre mais nas prioridades pastorais na Diocese, como em toda a Igreja do Brasil. E a Paróquia de São Luis Gonzaga estava plenamente sintonizada.
Frei Antônio ficou encarregado pelo governo da Custódia de coordenar a partir de 1982 o Noviciado da Custódia a ser iniciado em Lago do Junco.
Agradeço a Deus em primeiro lugar e depois a todos vocês. Este momento que é a hora de eu me despedir da Paróquia de São Luis Gonzaga, quero aproveitar para exprimir os meus sentimentos de profunda gratidão. Os nossos caminhos daqui para frente vão se separar um pouco. A nossa caminhada não durou muito tempo, mas eu tenho a impressão que valeu. Recebi muito mais do que pude dar; e por isso quero agradecer a cada um de vocês que cheguei a conhecer. [61]

Em 1982, Frei Hermano Wessenbom, que pertencia a Fraternidade do Noviciado em Lago do Junco, era responsável pelo trabalho pastoral no Município de Lago do Junco. A partir de 1983, o município foi definitivamente integrado à Paróquia de Lago da Pedra.

Em 1982, Frei Nicolau Röske assumiu como pároco a Paróquia de São Luis Gonzaga e continuou neste cargo – com exceção de 1983 – até a sua morte prematura em 29.07.1998.

De janeiro a abril de 1982 – no tempo mais forte do inverno – o novo pároco Frei Nicolau visitou todas as comunidades. Esta primeira visita na Paróquia de São Luis Gonzaga deu um retrato sobre a situação nas comunidades. O vigário ganhou bastante chuva, lama e frio. Mas tudo isso era necessário para entender melhor a situação do povo no tempo da chuva. Tantos problemas e dificuldades existem também hoje, onde já existem muitas estradas asfaltadas. O que animou muito foi esta “boa vontade” que se mostrou na maioria das comunidades. [62]

Ao lado das visitas do sacerdote nas comunidades, já houve a partir do ano anterior, encontros e treinamentos nas comunidades e para as comunidades. Estes encontros continuaram e ganharam sempre mais importância. A partir de 1982, Frei Klaus organizou no setor de saúde especialmente na Paróquia de São Luis Gonzaga encontros e treinamentos dos Voluntários da Saúde. Em 1984, foi fundada a ACR paroquial e ganhou importância – junto com o Sindicato Rural - nos anos de escalação dos conflitos agrários na Paróquia (1984-1988).[63]

No fim de abril de 1984, Frei Nicolau oficialmente instalou a secretaria paroquial e nomeou como secretário o dirigente Osvaldo de Amorim Correa, [64] que ficou no cargo até 2004.
A partir de 1984, Frei Nicolau pertencia a Fraternidade de Bacabal, mas aos poucos ajeitou sua moradia num anexo a Igreja em São Luis Gonzaga. Nos últimos anos morava lá.
Em fins de 1985, terminaram os acabamentos na construção da Igreja que Frei José tinha iniciado em 1977. Frei Nicolau chamou sua colaboração na construção da igreja de restauração da igreja e destacou principalmente a disposição no presbitério. Depois da Semana Santa (de 1985) começamos a restauração da Igreja por dentro. Botamos um piso. Duas passarelas foram feitas com as lajotas da Igreja antiga que não quebraram. No presbitério mandei fazer três colunas; na do meio coloquei o “tabernáculo” que Frei Frederico trouxe do sul. Nem com isso o Frei José se preocupou! Achei no depósito 3 imagens bonitas e muito velhas. Todas são de madeira, mas precisam uma reforma completa; isto somente mais tarde. As imagens são : São Luis Gonzaga – padroeiro, Nossa Senhora do Rosário – co-padroeira e Nossa Senhora da Conceição. Então a coluna na direita é para São Luis Gonzaga e a na esquerda para Nossa Senhora do Rosário. A outra imagem fica na minha secretaria. (...)
A restauração da Igreja terminou no fim de maio. [65]
Observação complementar sobre a imagem do Padroeiro que Frei Nicolau e quase todos os fiéis pensaram que era de São Luis Gonzaga. Pe. Odorico Braga, então Vigário de Ipixuna anotou no Livro de Tombo da Paróquia: Em junho de 1944, benzi uma grande e bela imagem de São Luis Gonzaga que consegui com os paroquianos, porque a estátua que estava no altar-mor da matriz, não era de São Luis, e sim de Santo Estanislau Kostka. [66] Esta imagem de gesso de São Luis Gonzaga encontra-se hoje no presbitério da Igreja completamente reformada e re-inaugurada aos 06.03.2005.

Há muito tempo Frei Nicolau procurava atrair irmãs religiosas para sua Paróquia, especialmente da Congregação das “Irmãs de Nossa Senhora dos Anjos”. Finalmente um momento muito feliz e esperado. Recebemos as nossas irmãs, dentro de uma missa, celebrada por D. Pascásio, no dia 7 de setembro (de 1985), às 19.30 h da noite. As irmãs são estas: Irmã Wilma, Irmã Maria Clara e Irmã Gabi. Depois da missa fizemos um pequeno coquetel no Jardim de Infância. A partir da outra semana tinha uma companheira nas desobrigas, a Irmã Wilma. Combinamos que depois das missas eu ia fazer a reunião com os dirigentes e jovens e ela com as catequistas e crianças. [67]

Frei Nicolau destacou o nome de Irmã Wilma, mas a equipe toda das irmãs se engajou no trabalho pastoral, criou novos grupos e os acompanhou tanto na cidade como de maneira mais forte nas comunidades dos povoados. As desobrigas terminaram animadas. Com a chegada das irmãs acordaram muitas esperanças. Irmã Wilma deixou bem claro que elas não são capazes de fazer milagre, mas estão dispostas a ajudar de melhor maneira e prometem caminhar ao lado do povo oprimido e esquecido pelas autoridades. [68]
A comunidade das Irmãs de Nossa Senhora dos Anjos ficou até 1992.

Pela colaboração das irmãs, os cursos, treinamentos e reuniões dos diversos grupos aumentaram tanto que as instalações existentes de longe não eram mais suficientes. A Paróquia-Irmã “Santa Isabel”, na Alemanha, tinha prometido colaboração financeira.  A ajuda das Comunidades era enorme e com muita boa vontade; a Matriz colaborou mais com dinheiro. Durante os próximos 8 meses os movimentos na Igreja eram grandes. Graças ao grande esforço da Paróquia toda e da ajuda financeira de nossa Paróquia-irmã, podíamos terminar a construção no fim de setembro do mesmo ano. No dia 24 de setembro (de 1987), na presença de Frei Heriberto, inaugurei o nosso Centro Paroquial “Santa Isabel”, em homenagem a Paróquia – Irmã. [69]  
O Centro Paroquial oferece com sua cantina espaçosa e instalações sanitárias também  possibilidade para hospedagem e cursos de vários dias.

Como exemplo da diversidade de grupos e treinamentos serve a estatística anual de 1989:
em 1989, 2.618 pessoas passaram no Centro Comunitário Santa Isabel para participar de diversos cursos e encontros. – A Comissão Central da Pastoral e a Assembléia Anual de todas as lideranças coordenavam toda a ação pastoral. Cursos de dirigentes e catequistas no Seminário Catequético em Bacabal e no Centro Paroquial junto com as atividades destas lideranças formaram a infra-estrutura da Paróquia. Era tarefa da Catequese a preparação aos sacramentos de Eucaristia e Crisma e os cursos de Bíblia para os adultos. Legião de Maria, Pastoral da Juventude, acólitos, grupo de mulheres tinham encontros semanais. No setor social houve a Pastoral da Criança para crianças até 6 anos; a Pastoral da Saúde com os voluntários da saúde básica; a ACR paroquial; o grupo “Nossa Luta” na política partidária; o grupo da consciência negra; grupo do “Ninho” para o trabalho com prostitutas; o grupo de articulação da EFA.
Encontro das lideranças:  23 – 25.08.1990, em Santa Cruz, com representantes de todos os movimentos, 82 ao todo! [70]

As lideranças da Paróquia estavam abertamente engajadas na política partidária. Depois da eleição de 1989: Uma coisa é notável: em todas as comunidades tem certo desânimo: na política: mais uma vez “perdemos”, a situação financeira, a insegurança na terra. Precisa de mais organização, mais união para vencer estas dificuldades. Mas a fé num Deus-Conosco é grande e isso nos dá a certeza que o projeto de Deus se realiza: que haja justiça, paz e partilha! [71]
E a euforia depois da eleição do candidato da Paróquia em 1992! Na cerimônia da diplomação do prefeito eleito e dos vereadores eleitos mais de 1.000 pessoas presentes e aplaudindo!
1992: Paróquia São Luis Gonzaga – Ainda há Esperança!
No município de São Luis Gonzaga, graças a Deus e a luta organizada dos trabalhadores, movimentos e pastorais e ajuda de muitos da cidade que abriram os olhos rumo ao progresso e ao bem-estar coletivo, temos um Prefeito eleito, para responder à necessidade do povo junto com o povo. Não é que com esta eleição ficou tudo resolvido, mas a luta continua, só que diferente: porque a responsabilidade de mudanças também é nossa. Agora mais do que nunca precisamos de mais união e organização para vencermos as dificuldades. Mas a fé num Deus-Conosco é grande e isso dá certeza de que o Projeto de Deus vai se realizar. [72]
1993: Paróquia: São Luis Gonzaga – Ainda há Esperança
No município de São Luis Gonzaga do Maranhão – MA, este ano, com a Graça de Deus e as Bênçãos de Nossa Senhora de Fátima, o Prefeito com a ajuda dos Movimentos e Pastorais e o Povo de modo geral foi realizando um grande número de atividades que se encontram em boa parte citadas neste relatório.
Com o desenvolvimento durante o ano se viu que depois do novo prefeito eleito pelas massas populares, tudo já tomou um novo rumo e para melhor. Já tem muitos trabalhos realizados como estradas e poços, açudes; já melhorou muito a Saúde, a comunicação e outros atendimentos que incumbem a defesa do povo gonzagueze. Agora mais do que nunca precisamos estar unidos, lutando pelos mesmos objetivos: “Justiça e Fraternidade”. Não podemos cruzar os braços, quando já temos um meio caminho andado. Agora é que precisamos aplicar as últimas reservas de forças para assegurar a colheita de tudo o que plantamos, para que não venha a acontecer a perda dos frutos da nossa luta abençoada por Deus. [73]
Mas também este prefeito não criou o paraíso em São Luis Gonzaga. A euforia se foi, o dia a dia trouxe a realidade de volta.

A estatística de 1994, apresenta as lideranças ativas: 132 catequistas, 81 dirigentes, 5 grupos de jovens com 147 membros, 5 presídia da Legião de Maria com 132 membros, grupo de quarteirão com 40 participantes e acompanhamento do Sindicato Rural com 400 membros. [74]
É interessante observar que diversos grupos e várias metas de 1989, cinco anos mais tarde não são mais lembrados.

Sobre o tempo de 1995 a 2007, não há anotações no Livro de Tombo.
Aos 29 de julho de 1998, faleceu o pároco Frei Nicolau em sua cidade natal Dortmund, na Alemanha, e foi enterrado no cemitério ao lado da Igreja “São Francisco”, local de vida e de morte de Frei Jordão Mai. Frei Nicolau se engajou no surgimento e crescimento de mais de 40 CEB’s no Interior de sua grande paróquia. Ele estava ao lado dos lavradores sofridos, deu lhes coragem e ajudou na luta por um pedaço de terra. [75]

Aos 27 de outubro de 1998, Frei Cláudio Krämer foi nomeado pároco e Frei João José vigário cooperador.
Até setembro de 2000, Frei João José ajudou esporadicamente nas visitas às comunidades.
A partir desta data Frei Cláudio, residindo em Bacabal, atendeu a paróquia sozinho.No início de 2004, com a criação do município “Alto Alegre do Maranhão”, vários povoados do município de São Luis Gonzaga foram incorporados ao novo município.
Com esta medida, 12 comunidades foram entregues à “Paróquia Nossa Senhora da Conceição”, de Alto Alegre.

Em 2007, a Paróquia São Luis Gonzaga atende 35 CEB’s com 55 dirigentes e 67 catequistas. Além disso, na cidade há 34 catequistas. A Legião de Maria tem uma Cúria com 16 presídia e 325 membros. A Pastoral da Criança acompanha com 40 líderes em 17 comunidades 559 crianças de 0 a 6 anos de 411 famílias. No projeto “Ajuda a crianças e adolescentes” uma equipe acompanha uns 30 adolescentes.

Em vista da futura administração da paróquia por um padre secular, Frei Cláudio construiu a Casa Paroquial. Em maio de 2000, foi inaugurada.
E depois de hesitar muito e amadurecer planos diversos, finalmente criou coragem, de remodelar completamente todo o complexo da Igreja e do Centro Social construído por Frei José e da moradia de pároco anexada no correr dos anos por Frei Nicolau.
Agora há uma secretaria, sacristia espaçosa e um salão. Entre estas dependências e as paredes laterais da igreja há uma distância de 3 m. A Igreja-Matriz foi ampliada, as paredes aumentadas por quase 4 m e a fachada remodelada. Desde a Re-Inauguração, aos 6 de março de 2003, os vitrais dos 4 elementos (terra, água, ar e fogo) da Igreja Conventual demolida de Attendorn se tornaram uma atração e são um símbolo de ligação com a Igreja da Alemanha e com a Província Franciscana da Alemanha.

Franciscanos como párocos e cooperadores na Paróquia São Luis Gonzaga

1954 – 1955  Pároco  Frei Adauto Schumacher; Frei Américo Gördes
1955 – 1958  Pároco  Frei Adauto Schumacher; Frei Américo Gördes
1958 – 1961  Pároco  Frei Adauto Schumacher
1961 – 1964  Pároco  Frei Adauto Schumacher
1964 – 1967  Pároco  Frei Adauto Schumacher
1967              Pároco  Frei Adauto Schumacher
1968              Pároco  Frei Ivo Heitkämper
1969              Pároco  Frei José Schlütter
1970 – 1973  Pároco  Frei José Schlütter
1973 – 1976  Pároco  Frei José Schlütter
1976 – 1979  Pfarrer  Frei José Schlütter
1980 – 1981  Pároco  Frei Antônio Schauerte
1982              Pároco  Frei Nicolau Röske
1983              Pároco  Frei Hermano Wessenbom; Frei André Otto
1984 – 1986  Pároco  Frei Nicolau Röske
1986 – 1989  Pároco  Frei Nicolau Röske
1989 – 1992  Pároco  Frei Nicolau Röske
1992 – 1995  Pároco  Frei Nicolau Röske
1995 – 1998  Pároco  Frei Nicolau Röske
1998 – 2001  Pároco  Frei Nicolau Röske (falecido aos 29.7.1998), Pároco  Frei Cláudio Krämer; Frei João José Barbrock
2001 – 2004  Pároco  Frei Cláudio Krämer
2004 – 2007  Pároco  Frei Cláudio Krämer


[1] LT – SLG I, 15v
[2] LT – SLG I, 15
[3] Frei Teodoro Scholand, carta de 22.06.1953   em Mitteilungen 1953, 29-30
[4] Mitteilungen 1953, 49
[5] LT – SLG I, 19-20v
[6] LT – SLG I, 21-22
[7] LT – SLG I, 24; A Circular n. 16 na íntegra em LT – SLG I, 22-24
[8] LT – SLG I, 24v
[9] LT – SLG I, 18v
[10] LT – SLG I, 31v
[11] LT – SLG I, 37
[12] LT – SLG I, 30v
[13] LT – SLG I, 46v-47
[14] LT – SLG I, 50-53
[15] LT – SLG I, 53v-55v
[16] LT – SLG I, 57
[17] LT – SLG I, 48
[18] LT – SLG I, 58
[19] Confira o capítulo  “Fraternidade  de Vitorino Freire”
[20] LT – SLG I, 58
[21] LT – SLG I, 57
[22] Frei José Schlütter em LT – SLG I, 59v
[23] LT – SLG I, 60
[24] Brägelmann, P. Lukas “Die Pfarreien Lago da Pedra und Ipixuna (As paróquias de Lago da Pedra e Ipixuna)” em VITA ano 53 (1972), 20
[25] LT – SLG I, 60v; Explicação mais extensa em Schlütter, P. Josef  “Die Kirche kommt zu den Menschen ( A Igreja vai ao encontro do povo)” – Palestra proferida no 85º Congresso dos Católicos na Alemanha em Freiburg 1978  em VITA ano 60 (1979), 181-185
[26] LT – SLG I, 61
[27] LT – SLG I, 87-87v
[28] LT – SLG I, 62
[29] LT – SLG I, folha nº 49 colada depois da folha 64
[30] LT – SLG I, 64
[31] LT – SLG I, 64v-65
[32] LT – SLG I, 66
[33] LT – SLG I, 61v
[34] LT – SLG I, 68v - 69
[35] Os anos de 1984 até hoje confira em  “Paróquia São José” de Lago da Pedra.
[36] LT – SLG I, 68v
[37] LT – SLG I, 73; 75
[38] LT – SLG I, 88v
[39] LT – SLG I, 72v - 73
[40] LT – SLG I, 89
[41] Confira o capítulo “Paróquia São José” de Lago da Pedra
[42] Confira o capítulo “Terra
[43] LT – SLG I, 64v
[44] LT – SLG I, folhas nr. 36-39 coladas depois da página 63v
[45] LT – SLG I, 72-72v; folhas coladas nº 69-73 depois da folha 72; Carta de despedida de Sr. Brás confira o capítulo “Terra
[46] LT – SLG I, 86-86v
[47] LT – SLG I, 69-69v; 76; 83v-84v; 86
[48] LT – SLG I, 64v
[49] LT – SLG I, 68v
[50] LT – SLG I, 86
[51] LT – SLG I, folha nº 50 colada depois de 64v
[52] LT – SLG I, 95v
[53] LT – SLG I, 96
[54] Confira o quadro das CEB’s organizadas em regionais em 1980  em   LT – SLG I, 96-97
[55] Confira referente 1980: LT – SLG I, 100v-105; referente 1981: LT – SLG I, 108-114
[56] LT – SLG I, 113-113v
[57] LT – SLG I, 98-98v
[58] Confira o capítulo  “Terra”
[59] LT – SLG I, 98v
[60] LT – SLG I, 107v-108
[61] Da carta de despedida de Frei Antônio aos 18.03.1982  em LT – SLG I, 115-117
[62] LT – SLG I, 118v. Datas e comunidades desta visita com detalhes   em  LT – SLG I, 117v-118v
[63] Confira o capítulo “Terra”
[64] LT – SLG I, 133-133v
[65] LT – SLG I, 138-138v
[66] LT – SLG I, 11v
[67] LT – SLG I, 141v
[68] LT – SLG I, 143
[69] LT – SLG I, 146
[70] LT – SLG II, 8v; a estatística completa em LT – SLG II, 4v-9
[71] LT – SLG II, 8
[72] LT – SLG II, 13v-14
[73] LT – SLG II, 18
[74] LT – SLG II, 24
[75] Extraido da lembrança de morte (em alemão)




De março de 2007 até julho de 2008 Frei Pacheco (Pároco) e Frei Lucas Brägelmann (Cooperador) assumem a administração da Paróquia morando perto no convento de Bacabal  

  Quem quiser mais informações da nossa história de uma
Paróquia "filha", acessa o blog da Paróquia de São Benedito!
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Pedreiras - Parte da Paróquia de São Luis Gonzaga.
"Não podemos nos situar bem em Pedreiras, sem estarmos com o pé no chão em São Luis Gonzaga, Paróquia mãe de São Benedito. Segundo o Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão, a Paróquia de São Luis Gonzaga foi criada pela Lei Provincial n° 196 de 29 de  agosto de 1844. Era então o bispo do Maranhão D. Carlos de S. José...."





Vida do Padroeiro São Luís Gonzaga

Modelo de pureza, coerência e desapego. Patrono da juventude, São Luís Gonzaga aliou a nobreza de sangue à santidade, comemorando-se sua festa no dia do seu falecimento, 21 do mês de junho de 1591 em Roma. Fez voto de virgindade aos nove anos e morreu como noviço da Companhia de Jesus aos 23, vitimado por sua assinalada caridade para com os empestados de Roma.
A arquesa de Castiglioni, Laura de Gonzaga, estava em trabalhos de parto, com grande perigo de vida para si e para a criança que ia nascer. Todos já desesperavam de vê-la a salvo, quando ela resolveu fazer uma promessa a Nossa Senhora de Loreto, de consagrar-Lhe esse primeiro filho de suas entranhas e de levá-lo em peregrinação ao seu santuário, tão logo ambos se recuperassem. Imediatamente deu à luz o primogênito de seus oito filhos (9 de março de 1568 em Castiglione delle Stiviere), a quem pôs o nome de Luís.
Esse feliz acontecimento foi providencialmente comemorado em Castiglione com o júbilo de um nascimento real. E muito a propósito, pois o recém-nascido haveria de ser a maior glória da dinastia dos Gonzaga, uma das mais ilustres de toda a Itália. Com domínios de Mântua a Bréscia, e de Ferrara à fronteira da Lombardia, ao longo dos anos a dinastia acumulara riquezas, altos cargos eclesiásticos e principados em sua aristocrática linhagem.
Dona Laura era casada com um dos mais salientes membros dessa estirpe, Fernando, Marquês de Castiglione e Príncipe do Sacro Império. Conhecera-o na corte da Espanha, onde era dama da Rainha Isabel de França. Esta soberana, secundada por seu esposo, o grande Felipe II, estimando a virtude e as qualidades morais de Dona Laura, a escolhera para sua dama.
Se o Marquês tinha no sangue o espírito combativo e militar de seus ancestrais, a Marquesa completava a belicosidade do marido com uma profunda piedade. E Luís recebeu a influência dos dois.
Desde muito pequeno, gostava de ouvir, falar e pensar em Deus. Teve assim, quase desde o berço, um dom muito elevado de oração, sendo Deus seu único mestre.
“Conversão” aos sete anos…
Unido a essa feliz propensão de seu caráter e à sua piedade precoce, podia-se perceber nele o borbulhar belicoso do sangue ancestral. Assim é que o Marquês deu-lhe uma pequena armadura, elmo, espadinha e um pequeno arcabuz de verdade. E o levou ao acampamento de Casal-Major, onde deveria passar em revista as tropas que levava consigo para a guerra do rei espanhol contra Túnis.
Um dia Luís, disparando seu arcabuz, chamuscou o rosto. O pai então proibiu-o de utilizar pólvora. Mas ele, travesso e valente, noutro dia, na hora do repouso após o almoço, conseguiu escapar à vigilância de seu tutor, aproximar-se de um canhão e acender-lhe o pavio. O acampamento todo foi despertado com o estrondo, e encontraram o pequeno príncipe estirado ao solo, vítima do coice que recebeu da possante arma.
Luís gostava de estar junto aos tercios espanhóis — das mais famosas tropas de infantaria então existentes — imitando seu passo marcial. Mas muitas vezes repetia seu jargão e as palavras às vezes inconvenientes de alguns deles. Seu tutor chamou-lhe a atenção, dizendo-lhe que aquela não era a linguagem de lábios limpos. Embora o menino de cinco anos não entendesse seu sentido, chorou amargamente essa involuntária falta, que acusará sempre como uma das mais graves de sua vida. E disse que a partir desse episódio teve início sua “conversão”!
Objetivo: alcançar vida de perfeição
Desde então, essa criança começou um processo de sério afervoramento espiritual. Segundo o parecer de outro Santo, São Roberto Belarmino, Doutor da Igreja e futuro confessor do primogênito do Marquês de Castiglione, “na idade de sete anos é que Luís começou a conhecer mais a Deus, desprezar o mundo e empreender uma vida de perfeição. Ele mesmo com freqüência me repetia que o sétimo ano de sua idade marcava a data da sua conversão”.
Aos oito anos o pai levou-o com seu irmão Rodolfo para viverem na corte do Grão-duque da Toscana, Francisco de Médicis. Já não se estava mais na austeridade vivida pelos príncipes medievais, pois a decadência renascentista invadia tudo. Em meio aos divertimentos mundanos e às solicitações dessa brilhante corte renascentista, Luís buscava auxílio nAquela a quem fora consagrado ao nascer. Aumentou então seus atos de devoção à Santíssima Virgem, de tal modo que fez, aos nove anos de idade, voto de castidade perpétua.
Quando tinha 10 anos, numa ausência do pai, recebeu certo dia em Castiglione o Cardeal-Arcebispo de Milão, São Carlos Borromeu. Este ficou encantado com sua pureza e santidade, tendo declarado“que jamais encontrara jovem que em tal idade atingisse tão elevada perfeição”. Ele mesmo administrou-lhe a Primeira Comunhão, aconselhando-o a praticar a comunhão freqüente e a leitura do Catecismo Romano.
Sua infância transcorreu de castelo em castelo, de corte em corte, de festa em festa, mantendo, contudo, sempre o coração ancorado em Deus. Provou, assim, que era perfeitamente possível cultivar a santidade em meio aos esplendores da nobreza. Com efeito, aos 12 anos já atingira alta contemplação. Para isso lhe fora de muita ajuda um livro de São Pedro Canísio, apóstolo da Alemanha. A meditação contínua tornou-se para ele quase uma segunda natureza.
Um de seus criados poderá afirmar: “Todos seus pensamentos estavam fixos em Deus. Fugia dos jogos, dos espetáculos e das festas. Se dizíamos alguma palavra menos decente, chamava-nos e repreendia-nos com toda doçura e gentileza”. Luís afirmaria mais tarde: “Deus me deu a graça de não pensar senão no que quero”. E por isso tinha um domínio total de si mesmo.
Vivendo em plena época do Renascimento, estudou as línguas clássicas, chegando a escrever elegantemente em latim. Foi nessa língua que fez um discurso de saudação ao monarca espanhol Felipe II quando suas armas foram vitoriosas em Portugal. Espírito alerta, perspicaz e sério, triunfou facilmente nos estudos. Ele alia va magnificamente a nobreza, a cultura, a inteligência e a santidade.
Para o cumprimento da vocação, vitória sobre sérios obstáculos
Em 1581 Luís foi levado pelo pai para a Espanha, para ser pajem dos infantes naquele país. Mas Deus tinha sobre ele outros desígnios. Na corte de um dos mais poderosos soberanos da Terra, afirma-se no coração de Luís o desejo de apartar-se do mundo e dedicar-se totalmente a Deus. Tendo cumprido já os 16 anos, decidiu falar sobre isso com seu pai. O marquês, que encantado com as qualidades do filho augurava-lhe um brilhante porvir no mundo, respondeu-lhe com um rotundo não.
Para dissuadi-lo disso, enviou-o de volta à Itália, com missão junto a vários príncipes. Esperava que, em meio àquela vida brilhante da Itália renascentista, arrefecesse no filho o desejo de fazer-se religioso. Luís desincumbiu-se com tanto êxito das várias tarefas, que o pai mais se firmou no desejo de tê-lo como seu sucessor.
Mas, à força de muitas súplicas, o marquês cedeu. E Luís — tendo também, como príncipe do Sacro-Império, obtido a permissão do Imperador — pôde abdicar de todos seus direitos dinásticos em favor de seu irmão Rodolfo, e assim entrar no noviciado da Companhia de Jesus em Roma, aos 18 anos incompletos.
Alto grau de santidade em plena juventude
Dentro do noviciado jesuíta, Luís continuou a ser motivo de edificação para todos, como sucedera quando estava no século. Seus superiores não tiveram senão que moderar o seu fervor e pôr limites às suas grandes penitências. Para ele, era uma alegria sair pelas ruas de Roma, com um saco às costas, pedindo esmolas para o convento. Era também enviado a ajudar na cozinha e na limpeza da casa. A alguém que lhe perguntou se não sentia repugnância em fazer atos tão humildes, respondeu que não, pois tinha diante dos olhos a Jesus Cristo humilhado pelos pecados dos homens, e a recompensa eterna que Ele dá àqueles que se rebaixam por amor a Deus.
Visitava os doentes e os encarcerados. Mesmo nessas ocasiões, mantinha seu recolhimento em Deus e cumpria seus atos de devoção. Dizia que “aquele que não é homem de oração não chegará jamais a um alto grau de santidade nem triunfará jamais sobre si mesmo; e que toda a tibieza e falta de mortificação que se via em almas religiosas não procediam senão da negligência na meditação, que é o meio mais curto e eficaz para se adquirir as virtudes”. A tal ponto se tornara senhor de sua imaginação, que no espaço de seis meses, segundo ele mesmo reconheceu, suas distrações não haviam durado o tempo de uma Ave-Maria.
Uma de suas devoções especiais era a Paixão de Nosso Senhor, a qual tornou-se objeto contínuo de suas meditações. Sua devoção à Santíssima Virgem era terna e filial. Tinha também especial devoção aos Santos Anjos, especialmente a seu Anjo da Guarda, e escreveu mesmo um pequeno estudo sobre eles. Também o Santíssimo Sacramento era objeto de suas afeições. Passava horas diante do tabernáculo, entretendo-se com o Deus escondido sob as aparências eucarísticas.
Caso seus superiores não o tivessem moderado, as penitências físicas que praticava teriam abreviado seus dias. Alguns diziam que ele lamentaria, na hora da morte, esse excesso. Bem pelo contrário: nesse momento ele fez questão de dizer a seus irmãos, reunidos em torno de seu leito, que se ele tinha alguma coisa a lamentar nesse sentido eram as penitências que ele não havia feito, e não as que fizera.
Seu pai, que levara uma vida muito voltada às coisas do mundo, preparou-se tão bem para a morte, que atribuiu esses sentimentos às orações do filho.
Na morte, caridade heróica
Pouco depois do falecimento de seu progenitor, Luís teve que ir a Castiglione resolver uma áspera disputa entre seu irmão Rodolfo e seu tio, a propósito de terras. Sua mãe, que o venerava muito, e com sentimentos de verdadeira nobreza, recebeu-o de joelhos.
Quando estava hospedado no colégio da Companhia, em Milão, teve a revelação de que em breve morreria. Exultante, voltou para Roma e empregou seus últimos dias cuidando dos empestados numa terrível epidemia que devastava a Cidade Eterna. Com isso, ganhou mais méritos. Vítima do contágio, faleceu santamente a 21 de junho de 1591.
Que São Luís Gonzaga interceda por nós, em meio ao neopaganismo e à decadência moral de hoje em dia, e nos obtenha do Criador pelo menos uma parcela de seu abrasado amor de Deus e zelo apostólico, bem como de sua pureza angélica.





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