Cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio é o novo Papa
Em 1992,
Bergoglio foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires. Em
1997, ele virou arcebispo titular de Buenos Aires. Atuou como presidente da
Conferência Episcopal da Argentina de 2005 até 2011.
Foi criado
cardeal pelo então Papa João Paulo II em 1998. Em 2001, João Paulo II o nomeou
primaz da Argentina. Ele ocupou então a presidência da Conferência Episcopal
durante dois períodos, até que deixou o posto porque os estatutos o impediam de
continuar.
Bergoglio foi
na Santa Sé membro da Congregação para o Culto Divino e a disciplina dos
Sacramentos; da Congregação para o Clero; da Congregação para os Institutos de
Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica; do Pontifício Conselho
para a Família e a Pontifícia Comissão para a América Latina.
Filho de uma
família de classe média com cinco filhos, de pai ferroviário e mãe dona de
casa, o novo Papa é pouco inclinado a aceitar convites particulares e tem um
"pensamento tático", de acordo com especialistas.
Polêmica na
ditadura
A ascensão religiosa de Jorge Mario Bergoglio coincidiu com um dos períodos mais obscuros da Argentina: a ditadura militar que governou o país entre 1976 e 1982. Ele foi acusado de retirar proteção de sua ordem a dois jesuítas que foram sequestrados clandestinamente pelo governo militar por fazerem trabalho social em bairros de extrema pobreza. Ambos os padres sobreviveram a uma prisão de cinco meses.
A ascensão religiosa de Jorge Mario Bergoglio coincidiu com um dos períodos mais obscuros da Argentina: a ditadura militar que governou o país entre 1976 e 1982. Ele foi acusado de retirar proteção de sua ordem a dois jesuítas que foram sequestrados clandestinamente pelo governo militar por fazerem trabalho social em bairros de extrema pobreza. Ambos os padres sobreviveram a uma prisão de cinco meses.
O caso é
relatado no livro "Silêncio", do jornalista Horacio Verbitsky, também
presidente da entidade privada defensora dos direitos humanos CELS. A
publicação leva em conta muitas manifestações de Orlando Yorio, um dos jesuítas
sequestrados, antes de morrer por causas naturais em 2000.
"A
história o condena: o mostra como alguém contrário a todas as experiências
inovadoras da Igreja e, sobretudo, na época da ditadura, o mostra muito próximo
do poder militar", disse há algum tempo o sociólogo Fortunato Mallimacci,
ex-decano da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires.
Os defensores
de Bergoglio dizem que não há provas contra ele e que, pelo contrário, o novo
Papa ajudou muitos a escapar das Forças Armadas durante os anos de chumbo no
seu país.
Preocupação
social
No Vaticano, longe de possíveis manchas dos tempos de ditadura, é esperado que o homem silencioso que agora é Papa conduza a estrutura da Igreja Católica com mão de ferro e com uma marcada preocupação social.
No Vaticano, longe de possíveis manchas dos tempos de ditadura, é esperado que o homem silencioso que agora é Papa conduza a estrutura da Igreja Católica com mão de ferro e com uma marcada preocupação social.
Políticos
argentinos foram repetidamente alvo da retórica afiada do sacerdote, acusados
por ele de não combater a pobreza e preocuparem-se apenas em seguir no poder.
Conhecido por
sua simplicidade, Bergoglio vivia sozinho, em um apartamento, no segundo andar
do edifício da Cúria, ao lado da Catedral de Buenos Aires, no coração da
cidade. A imprensa local lembra hoje que, da janela de seu apartamento, foi
testemunha da violência na Praça de Maio durante a crise de dezembro de 2001.
Indignado,
ligou para o ministro do Interior para lhe pedir que desse instruções para que
os agentes diferenciassem entre ativistas e correntistas que reivindicavam seus
direitos.
Em 2004, após
a tragédia da boate Cromagnon, percorreu os hospitais da cidade para ajudar as
famílias das vítimas .
Pouco amigo de
aparições na imprensa, Bergoglio tentou manter um baixo perfil público, costuma
usar transporte público e inclusive se confessa na Catedral. Ele foi dos poucos
cardeais que, quando chegou a Roma para a eleição do novo papa, não usou
veículos oficiais.
O novo papa é
um amante dos autores clássicos, gosta de tango e não esconde sua paixão pelo
futebol, especialmente pelo San Lorenzo de Almagro – tem uma camisa assinada
pelo elenco
'Destruição do
plano de Deus'
Em 2010, ele também enfrentou a presidente Cristina Kirchner quando o governo apoiou uma lei para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. "Não vamos ser ingênuos: não se trata de uma simples luta política; é uma tentativa de destruição do plano de Deus", disse Bergoglio em carta, dias antes de o projeto ser aprovado pelo Congresso.
Em 2010, ele também enfrentou a presidente Cristina Kirchner quando o governo apoiou uma lei para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. "Não vamos ser ingênuos: não se trata de uma simples luta política; é uma tentativa de destruição do plano de Deus", disse Bergoglio em carta, dias antes de o projeto ser aprovado pelo Congresso.