domingo, 25 de dezembro de 2011

Vamos até Belém...

"Os pastores diziam entre eles: Vamos até Belém, vejamos este acontecimento que o Senhor nos fez conhecer” (Lc 2,15)

Caros irmãos e irmãs,

Ainda é Natal! Há dois mil anos um anjo apareceu para anunciar uma grande alegria aos pobres pastores de Belém. Enquanto a noite se enchia de luz, os anjos anunciavam no céu a glória de Deus e na terra a paz aos homens que crêem no amor.
A dureza da história em que vivemos tenta criar uma couraça de ferro sobre o nosso coração, procurando sufocar nossa vida. Mas como resistir à provocação para acreditar que realmente Deus entrou no mundo e que existe uma esperança também para nós? Da mesma forma que os pastores correram durante a noite em direção à gruta, assim também nós, apesar de tudo, nos tornamos perseguidores da alegria. Nos falta, talvez, a rude simplicidade dos pastores, embora a ânsia do coração e a necessidade de luz sejam as mesmas. Também a nós foi anunciado o evento que muda a história. Também nós devemos ir até Belém para encontrar respostas para os problemas que obscurecem nossa alma.
Os tormentos que hoje angustiam mais brutalmente a sociedade são de ordem econômica. De repente fomos atingidos por um vento de insegurança que abala os fundamentos de toda ilusão de auto-suficiência. A sociedade materialista descobre com desânimo as suas fragilidades mais profundas. Ser pobre ou poder tornar-se pobre, apresenta-se, a todos nós, como uma possibilidade real. Mas isto é somente o sinal exterior de uma pobreza mais profunda, que aflige a alma. Assim, também nós nos descobrimos pastores da noite.
Para os frades franciscanos que vivem na Terra Santa, a peregrinação a Belém, na noite de Natal, é uma tradição caríssima e preciosa. Mas este ano, mais do que nunca, estamos certos de não sermos os únicos a procurar o Menino. Estarão conosco muitos peregrinos, que junto aos cristãos de Belém e da Terra Santa se unirão às nossas liturgias. Para todos ressoa a voz dos pastores que nos convidam: “Vamos até Belém!” Tenho certeza de que uma multidão infinita de peregrinos invisíveis, nos misteriosos caminhos do espírito, se colocará a caminho conosco buscando encontrar a alegria. Juntos encontraremos aquele Menino indefeso que, no frio da gruta, não tem medo de ser pobre, pois nos apresenta o amor de Deus.
Do Natal, próprio desta Terra Santa, sofrida e dilacerada, ressoa a mensagem que pode renovar o mundo. Venham todos à Belém com o coração simples, e o encontro com o Menino Jesus apagará todo medo. Há ainda esperança para todos!

De Belém, votos fraternos de um Santo Natal!

Frei Pierbattista Pizzaballa ofm - Custódio da Terra Santa
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